O abastecimento de gás por tubulações vem sendo a cada dia mais utilizado em condomínios, empresas e residências comuns. Existem dois tipos de gases utilizados nessa situação: o gás natural e o GLP. O primeiro é extraído direto da natureza e o segundo, se armazena em cilindros em uma área específica do condomínio, projetada exclusivamente para esse fim. É a central de gás!
É importante lembrar que existem normas e regulamentos específicos para a instalação da central. Isso porque trata-se de uma grande quantidade de combustível em um único lugar. Garantir a segurança do sistema é fundamental, para que possíveis vazamentos não causem acúmulo de gás em áreas confinadas e para evitar explosões.
Quer entender melhor o que é uma central de gás? Acompanhe abaixo todos os detalhes sobre o assunto.
Quais as normas para construção de uma central de gás?
Central de gás, segundo norma 13523, é a área devidamente delimitada que contém os recipientes e acessórios, destinados ao armazenamento de GLP. As centrais de gás LP são usadas nos sistemas centrais de suprimento de gás para reduzir a alta pressão primária dos cilindros a pressões secundárias manejáveis.
A norma de central de gás NBR 13523 tem como objetivo:
- Estabelecer os requisitos mínimos exigíveis para projeto, montagem, alteração, localização e segurança das centrais de gás liquefeito de petróleo (GLP), para instalações comerciais, residenciais e industriais com capacidade de armazenagem total máxima de 1500 m3;
- Esta Norma é aplicável às instalações onde o gás liquefeito de petróleo é conduzido por um sistema de tubulações e acessórios desde os recipientes de GLP até o primeiro regulador de pressão;
- A área destinada para a central de GLP deve constar na planta baixa do projeto, indicando a quantidade, a disposição e a capacidade volumétrica dos recipientes de armazenagem, a forma de abastecimento e seu detalhamento, se necessário.
Também existem outras normas correlacionadas ao assunto, como a NBR 14024, de 2018 (mais direcionada ao abastecimento dos cilindros da central) e a Norma Técnica 28, do Corpo de Bombeiros (mais abrangente, referindo-se ao manuseio do gás de modo geral, inclusive no que diz respeito à central).
Cuidados para montar a central de gás
Uma central de gás deve possuir os coletores para a rede de distribuição do GLP, dispositivos de segurança, rede de alimentação e distribuição, registro geral de corte, válvulas de bloqueio, retenção e excesso de fluxo, sem canalização que flua de forma liquida no interior das edificações, e a canalização é pintada na cor amarela e, na fase liquida, na cor branca, com conexões em laranja.
A pressão para instalação de GLP é de 1,7MPa. Também, é necessário coloar avisos com letras não menores que 50 mm, em quantidade tal que possam ser visualizados de qualquer direção de acesso à central de GLP, contendo os seguintes dizeres: PERIGO, INFLAMÁVEL, PROIBIDO FUMAR. Além disso, profissionais qualificados devem realizar a montagem e a manutenção das instalações de centrais e tubulações para GLP.
A pressão de projeto para os recipientes, tubulações, acessórios e vaporizadores até o primeiro regulador de pressão é de 1,7 MPa. Dessa forma, tubulações de fase líquida de GLP não podem passar no interior das edificações, exceto nos abrigos para recipientes e outros equipamentos pertencentes à central. Somente se permite a passagem de tubulações de GLP na fase líquida em interior de edificações para processos industriais específicos que utilizem o GLP nesse estado.
Classificação dos recipientes
As instalações da central de GLP devem permitir o reabastecimento dos recipientes, sem a interrupção da alimentação do gás aos aparelhos de utilização. Dessa forma, os recipientes que constituem a central de GLP podem se classificar da seguinte forma:
- quanto à localização: de superfície, enterrados ou aterrados;
- quanto ao formato: cilíndricos ou esféricos;
- quanto à posição: verticais ou horizontais;
- quanto à fixação: fixos ou não fixos;
- quanto ao manuseio: transportáveis ou estacionários;
- quanto ao abastecimento: abastecidos no local ou trocados.
Todo recipiente transportável deve possuir acessórios adequados para o manuseio e transporte. Deve possuir também base na sua parte inferior, permitindo assentamento estável em plano nivelado, evitando contato do mesmo com o solo. A base deve ser parte integrante do recipiente.
Além disso, não devem existir conexões na parte inferior de recipientes transportáveis. Todas as válvulas e conexões devem ser localizadas na sua parte superior, protegidas contra impactos diretos durante transporte e manuseio. Os protetores devem ser parte integrante do recipiente. Só é possível transportar recipientes estacionários com no máximo 5 % em volume de GLP.
Afastamentos de segurança nas centrais de gás prediais, industriais e comerciais
Os recipientes estacionários e transportáveis de GLP devem ser situados no exterior das edificações, em locais ventilados. É proibida a sua instalação em locais confinados, tais como porão, garagem subterrânea, forro etc.
- 3,0 m de aberturas (janelas, portas tomadas de ar etc.) das edificações;
- 6,0 m de reservatórios que contenham fluidos inflamáveis;
- 1,5 m de ralos, rebaixos ou canaletas e dos veículos abastecedores;
- 3,0 m de materiais de fácil combustão e pontos de ignição.
Cuidados com os cilindros da central de gás
Geralmente esse trabalho é feito pelas companhias de gás, mas vale a pena estar atento pois os cilindros estarão na sua residência:
– Os recipientes transportáveis devem ser requalificados periodicamente, conforme estabelecido na ABNT NBR 8865;
– Os recipientes estacionários devem ser verificados periodicamente através de inspeções e ensaios, para garantir suas condições seguras de uso de acordo com a legislação aplicável;
– Atender os requisitos da NR 13, temos um artigo explicando os detalhes dessa norma.
Veja nosso vídeo sobre central de gás
Como fazer o dimensionamento de gás?
Ao projetar a central, é importante dimensionar o consumo estimado de gás. Se pensarmos na quantidade de usuários, de diferentes perfis, que há em um condomínio, por exemplo, podemos pensar que trata-se de um cálculo complexo e pouco preciso. Entretanto, existem algumas diretrizes que ajudam você no planejamento. São elas:
- Considerar a quantidade de apartamentos. Automaticamente, isso ajudará você a pensar em quantos fogões, aquecedores e outros itens serão abastecidos. Levando em conta a vazão média de cada um deles, é possível estimar o consumo;
- Calcular o fator de simultaneidade (presente, inclusive, na Norma 15526), no qual deve-se considerar o poder calorífico e a potência da central;
- Contar os cilindros necessários, já que cada um possui uma capacidade específica de gerar vapor a partir do processamento do gás. Tais questões estão relacionadas à própria matéria-prima do cilindro, a quantidade de líquido que ele comporta e ao clima da região onde fica a central;
- Escolher os cilindros de um fornecedor que ofereça confiabilidade e responsabilidade é uma forma de garantir segurança e integridade aos moradores e colaboradores do condomínio.
Quais as etapas para instalação da central de gás?
Uma central de gás não pode ser simplesmente instalada de um dia para outro. Não basta decidir implantar um sistema de gás encanado e adquirir os cilindros. O primeiro passo deve ser o projeto. Para isso, você precisa contratar uma empresa especializada em engenharia. O ideal é que o projeto seja parte da construção, mas isso não significa que ele não pode ser implantado depois. Tudo vai depender das condições gerais do local.
Uma vez realizado o projeto, a instalação deverá ser fiel a ele e tudo será testado antes de iniciar o uso. Há empresas que também oferecem serviços de manutenção periódica e assistência técnica. Se você conseguir fechar o pacote completo com uma única empresa, a segurança e eficiência da sua central serão ainda maiores.