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Para descrever os erros de instalação de aquecedor é necessário conhecimentos técnicos, nem sempre o morador está devidamente informado dos riscos que pode estar correndo dentro do seu próprio apartamento. Para evita-los é aconselhado promover uma inspeção nos equipamentos a gás existentes e nas condições de ventilação dos ambientes em que estão alojados.
A melhor ação, neste caso, é preventiva, no sentido de se verificar se todos os equipamentos a gás, em especial os aquecedores de água dos apartamentos, seguem certas condições de segurança ligadas à correta instalação e operação, atendendo a requisitos determinados nos manuais de instalação dos respectivos fabricantes.
Todos esses requisitos estão reunidos em norma técnica da ABNT, a NBR 13103“Adequação de ambientes residenciais para utilização de aparelhos que utilizam gás combustível”, cuja linguagem pode não estar acessível à maioria das pessoas sem formação técnica.

video de manutenção em gás

 

Cuidados com aquecedor

 

Os itens mais importantes são de fácil verificação e podem ser  checados pelos próprios moradores. Eles serão mostrados a seguir neste artigo. Todos os equipamentos residenciais que utilizam gás combustível canalizado, seja ele o gás natural (GN) ou o gás liquefeito de petróleo (GLP) e, em algumas localidades o gás manufaturado (GM), principalmente fornos, fogões, secadoras, churrasqueiras, lareiras, calefadores de ambiente e aquecedores de água a gás, obtêm calor a partir de sua queima. A queima do gás é uma reação química de combustão dele com o oxigênio presente no ar atmosférico, geralmente tomado do próprio ambiente onde o aparelho está instalado.

 

Essa reação gera calor, que é aproveitado em grande parte de forma útil no equipamento, por exemplo, para aquecer água, gerar ar quente, irradiar calor para o ambiente, etc. Dessa reação química resultam, além do calor, gases quentes como produtos de combustão, que devem ser eliminados do equipamento e também do ambiente em que este se encontra instalado. Quando a queima do gás combustível se dá em condições ideais, ditas estequiométricas, o que é raro na maioria dos equipamentos em operação, os gases quentes de combustão se resumem ao gás carbônico e vapor de água. Esta situação pode ser avaliada olhando-se para a chama do queimador do aparelho a gás: ela deve se manter uniforme e estável, sem oscilações na ausência de incidência de vento, e apresentar cor azul característica. Entretanto, quando a queima não é perfeita, além desses produtos de
combustão, ocorre emissão de monóxido de carbono, um gás extremamente tóxico para humanos e animais.

 

Este é um gás inodoro e incolor que se mistura facilmente com o ar atmosférico e pode retornar para dentro do local de instalação de um equipamento a gás com deficiência de queima e eliminação de gases quentes resultantes da combustão do gás. A ausência de cheiro e cor do monóxido de carbono impedem que sua presença seja identificada num determinado ambiente.

 

Quando inalado, o monóxido de carbono é preferencialmente absorvido pelas hemáceas do sangue dentro dos alvéolos pulmonares em relação ao
oxigênio do ar, pois reage 200 vezes mais rápido do que este com a hemoglobina. Dessa forma, as hemáceas, no lugar de transportarem oxigênio, convertendo sangue venoso em arterial, acabam transportando esse gás tóxico em seu lugar. A excessiva concentração de monóxido de carbono, gerado por um equipamento a gás com queima imperfeita, num ambiente com portas e janelas fechadas, pode levar rapidamente a um quadro de dor de cabeça, tontura, redução e perda dos sentidos, desmaio e morte por asfixia numa pessoa ou animal doméstico que, inadvertidamente, nele adentre e permaneça por alguns instantes. Isto acontece pela falta de oxigenação adequada às células do cérebro, e a vítima tem uma rápida sensação de fraqueza, dificuldade de percepção através dos sentidos físicos e forte sono, seguidos do súbito desmaio, geralmente sem volta se o socorro não for imediato! O gráfico abaixo mostra as possíveis conseqüências da inalação prolongada de monóxido de carbono presente em baixas concentrações no ar ambiente, ou seja, ar com uma concentração normal de oxigênio. Vale ressaltar que a periculosidade aumenta consideravelmente, mesmo com baixas concentrações de monóxido, se o ar ambiente tiver reduzida a concentração de oxigênio, consumido na combustão do gás e não suficientemente renovado.

 

 

Sem título

 

A queima inadequada de gás combustível em equipamentos a gás pode ser constatada visualmente quando a chama apresenta cor amarela, relegando a cor azul apenas à sua base. Por vezes ocorre a emissão, junto com os gases quentes, de uma fuligem preta que facilmente se deposita em superfícies frias que lhe sirvam de anteparo, chamada de negro-de-fumo, constituída principalmente de carbono. Essa fuligem também é indicativa da formação do perigoso monóxido de carbono como produto de combustão.

 

erros de instalação de aquecedor
Aquecedor sem chaminé com queima incompleta e emissão de fuligem
 
A queima incompleta do gás combustível, com produção desse gás tóxico, pode se dar por:

 

Presença de sujeira e resíduos no conjunto queimador do equipamento
Falta de regulagem da admissão de ar e gás combustível em proporção adequada pré-queima;
Insuficiência de aporte de ar para a combustão (ventilação insuficiente do ambiente)
Dificuldade de exaustão imposta aos gases quentes resultantes da combustão.
Os dois primeiros fatores são de responsabilidade exclusiva dos moradores, a quem compete manter os dispositivos de queima dos equipamentos a gás sempre limpos e bem regulados. Para isso, pode-se contar com o concurso de um técnico especializado em equipamentos a gás, e uma boa oportunidade é a manutenção, limpeza e regulagem feitas justamente no período que antecede os dias frios de inverno.

 

Esse serviço preventivo é rápido, de baixo custo e realizado no local, sem necessidade de remoção dos equipamentos. Geralmente é feita uma limpeza nos queimadores, com remoção de fuligem, resíduos e oleosidades aderidos, desobstrução e limpeza ou substituição dos bicos injetores de gás, além da correta regulagem da admissão de ar para a combustão. Os resultados compensam plenamente, uma vez que, além da maior segurança para os moradores, geram economia em longo prazo, pois uma combustão perfeita resulta em melhor aproveitamento do gás e máxima geração de calor útil no equipamento. Em resumo, o que se gasta em manutenção preventiva, neste caso, retorna mais tarde na forma de economia de gás. Já os demais fatores causadores de queima insuficiente do gás nos aparelhos domésticos têm maiores implicações, pois dependem de como e onde está instalado o aparelho a gás, e também de sua potência térmica. Quanto maior for a potência térmica do equipamento, ou seja, quanto maior a sua capacidade de queima de gás e geração de calor, mais oxigênio do ar ambiente irá consumir e mais gases quentes de combustão serão produzidos. Os aparelhos de maior potência calorífica são os aquecedores de água instantâneos, conhecidos como aquecedores de passagem, e geralmente constituem as situações mais críticas nos apartamentos, e que requerem maior atenção. Ventilação adequada de ambiente que contém equipamentos a gás Qualquer equipamento a gás em operação consome oxigênio do ar. Na maioria dos casos, este provém do próprio ambiente onde ele se encontra instalado. Este é o caso, por exemplo, de fornos, fogões, secadoras, churrasqueiras, lareiras e calefadores (aquecedores de ambiente) a gás. Por isso eles são ditos de combustão aberta, combustão atmosférica ou com tomada de ar ambiente. Em geral são aparelhos cuja potência térmica é pequena. A queima do gás nestes aparelhos requer a reposição do ar consumido, o que se dá por aberturas permanentes de ventilação natural. Normalmente eles nunca são instalados em locais que possam ficar completamente estanques, sendo, por vezes, suficientes pequenas aberturas para outros ambientes ventilados e de maior volume com os quais se comunicam, tais como as frestas sob as portas divisórias, ou pequenas aberturas permanentes em janelas e caixilhos que abrem para o exterior.
 

 

A referida norma técnica da ABNT determina que um equipamento a gás só pode ser instalado num local dotado de aberturas que provejam ventilação permanente com área total à razão de 1,5 cm² para cada quilocaloria por minuto (kcal/min) de potência térmica nominal do aparelho, ou seja, de 1,5 cm²/kcal/min. Isto significa, por exemplo, que uma lareira a gás, cuja placa de fabricação indica potência nominal de 100 kcal/min, só pode ser instalada numa sala onde haja abertura de ventilação permanente com área mínima efetiva de frestas de (1,5 x 100) = 150 cm². Se a potência térmica do equipamento vir indicada em quilocaloria por hora (kcal/h), basta antes dividir o valor por 60 para obter o correspondente em quilocaloria por minuto. Para que o fluxo de renovação natural do ar ambiente consumido pela combustão do aparelho ocorra sem dificuldade, as aberturas de ventilação permanente devem ter frestas de pelo menos 8mm na menor dimensão quando, por exemplo, constituídas por grelhas metálicas abrindo para o exterior (situação mais freqüente), situação ilustrada na foto abaixo.
 

 

Além disso, as cozinhas dos apartamentos, onde são instalados fornos e fogões convencionais a gás de até 183 kcal/min, devem ter ao menos duas aberturas de ventilação permanente totalizando área efetiva mínima de abertura de frestas de 200 cm². Uma abertura superior deve ter ao menos 100 cm² e a inferior no mínimo 25% da área total requerida. Entretanto, lamentavelmente isto é muito raro de se ver em edifícios residenciais, porém item de presença obrigatória nos prédios de produção comercial projetados e edificados desde 1994, na vigência do Código de Defesa do Consumidor. Já ambientes que contém fornos e fogões mais potentes, acima de 183 kcal/min e os destinados a aquecedores a gás convencionais, como costuma ser o caso das lavanderias de apartamentos, devem atender a requisitos mais rigorosos, devido à maior potência térmica nominal desses equipamentos. Neste caso, devem ser previstas duas aberturas permanentes simultâneas, com a finalidade de prover fluxo ar externo para a combustão, em renovação ao ar consumido na queima do gás dentro do aquecedor, sendo uma abertura superior e outra inferior, permitindo o que se chama de ventilação cruzada. A melhor situação é aquela em que ambas as aberturas se comunicam diretamente para fora e se situam em paredes externas opostas ou contíguas.

 

 
ventilação
 

 

A ventilação inferior deve ter uma área efetiva mínima de abertura de frestas de 33% da área total calculada para o ambiente. O seu topo não pode ficar situado mais do que 0,80m acima do nível do piso interno. Na impossibilidade de se comunicar diretamente para o exterior, é tolerado que essa abertura se dê para um outro ambiente anexo (exceto dormitório), por sua vez dotado de ventilação permanente inferior de área equivalente se o seu volume for inferior a 30 m³. Neste caso, a abertura inferior da área de serviço pode ser alojada na parte inferior da porta ou parede que a separa da cozinha, por exemplo. A ventilação superior deve ter área efetiva de abertura de frestas mínima de 400 cm², com a base situada a não menos de 1,50m acima do piso interno, preferencialmente se comunicando com o exterior do edifício. Sob certas condições, também pode abrir para dutos de ventilação próprios para esse fim, providos ou não de ventilação mecânica. A título de exemplo, uma lavanderia que contenha um aquecedor de passagem de alta potência com combustão atmosférica, com queimador de 800 kcal/min requer uma área total de ventilação de (1,5 x 800) = 1200 cm². Uma boa distribuição dessa área total é deixar 1/3, ou 400 cm² como área da abertura inferior e os outros 2/3, ou 800 cm², como área da abertura superior. Um aquecedor de menor potência, por exemplo, com potência nominal de 400 kcal/min, exigirá área total calculada em (1,5 x 400) = 600 cm², neste caso caindo nos valores mínimos admitidos pela norma da ABNT, a saber: 200 cm² para a abertura inferior e 400 cm² para a superior. É muito freqüente encontrar em cidades verticalizadas do país edifícios com menos de 13 anos de construção completamente desprovidos de aberturas de ventilação permanente e/ou com janelas e caixilhos que permitem vedação completa, ou com áreas de abertura de frestas muito inferiores à necessidade dos respectivos equipamentos a gás, principalmente em se tratando de aquecedores de passagem, ou ainda sem a abertura de ventilação inferior.
 

 

A foto abaixo mostra um caso típico, onde só existe a ventilação superior, feita por pequenos furos situados acima das lâminas deslizantes de vidro, com tamanho menor do que 8mm de fresta, e com área total muito abaixo dos 400 cm².
 

 

erros de instalação de aquecedor
 

 

Até serem feitas as inspeções prediais que resultaram num laudo técnico orientativo das medidas corretivas e preventivas a proceder nas instalações prediais hidráulico-sanitárias e de gás, e tomadas providências imediatas, os seus desavisados moradores não estavam conscientes do permanente risco que corriam de serem as próximas vítimas de morte por asfixia ou intoxicação causadas pelo aquecedor a gás. Ou seja, sem saber, estavam vivendo num apartamento recém construído cuja lavanderia foi entregue pela construtora em condições de completa arapuca! Vale ressaltar que essas advertências e restrições só se aplicam a aquecedores ditos de combustão aberta ou atmosférica, que tomam o ar do próprio ambiente para realizar a queima do gás, aliás, os mais comuns e de menor custo no mercado. Existem, no entanto, aquecedores de combustão fechada, que tomam ar exclusivamente do exterior, através de um duto (tubo) metálico flexível, aspirado por uma ventoinha situada dentro do próprio equipamento. Neles, há uma câmara de combustão selada, ou seja, o local onde ocorre a queima

 

do gás não tem nenhum contato ou abertura com o ambiente em que o aparelho é instalado. Com isso, impossibilitam uma redução perigosa da concentração de oxigênio do ar ambiente e a dispersão de monóxido de carbono causada por queima deficiente do gás. Também estão sendo oferecidos no mercado aquecedores de água a gás de combustão aberta dotados de um sensor indicativo da redução de oxigênio no ambiente. Este desliga automaticamente o equipamento e corta o fluxo de gás para o queimador quando a concentração de oxigênio no ar do ambiente cair abaixo de 19,5%, o menor limite considerado seguro para pessoas e animais. Mais recentemente se tornaram disponíveis aquecedores a gás que, além de tomada direta de ar externo para queima do gás e câmara de combustão selada, também apresentam saída dos gases quentes forçada por ventoinha própria ou por circulação convectiva natural, sem nenhum contato com o ambiente interno, chamados aquecedores de fluxo balanceado. Este tipo de aquecedor a gás pode ser instalado com total segurança até mesmo dentro de banheiros.
 

 

Sem título

Em apartamentos desprovidos de aberturas adequadas deventilação permanente, ou onde a adequação às normas técnicas é mais difícil, um bom recurso pode ser a sumária substituição do aquecedor convencional de combustão atmosférica por um destes dois modelos citados, apesar do seu custo mais elevado. Porém, viver em segurança não tem preço!

 

Outros artigos que podem te ajudar: 

 >> Tubulação Aparente de Gás e Água: Saiba tudo sobre elas!  *Artigo Novo*
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>>Teste de estanqueidade – Saiba tudo sobre ele!
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video de manutenção em gás

Credito do artigo : Engº Ms. Sérgio Frederico Gnipper

Consciencia Prevencionista

 

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