A tubulação de gás residencial é formada por um sistema que compreende tubos, conexões e acessórios, necessários à condução do gás LP ou gás natural. Este artigo não tem o objetivo instruir e nem incentivar o leigo a fazer sua instalação por conta própria, mas contribuir para que o usuário tenha informações para adquirir a prestação de serviço de forma segura, garantido que não haja riscos posteriores com sua obra e que o sistema atenda as normas vigentes.
Para o uso adequado e seguro do gás combustível, o edifício deve dispor de meios para: o fornecimento do gás combustível e troca de ar para a evacuação dos gases produzidos pela combustão. O ideal é que o projeto de gás já seja pensado desde a construção do condomínio, visto que será necessária a instalação de uma central e terreno compatível para a tubulação. Entretanto, vale contratar uma empresa especializada para avaliar a sua edificação já construída.
Continue lendo este artigo para saber mais sobre:
Conceito preliminar: A necessidade da combustão para cocção.
1º Passo: Projeto
2º Passo: Definindo o material para utilizar em sua tubulação de gás
3º Passo: Elementos da rede de gás e critérios de segurança
4º Passo: Montagem do sistema de gás
5º Passo Testes
Conceito preliminar: A necessidade da combustão para cocção
Gás de combustão é um processo de oxidação, através da qual a energia contida no combustível é libertada, produzindo calor. O gás é composto principalmente por moléculas que contêm carbono e hidrogênio, que necessitam de oxigênio para a combustão.
A combustão do gás pode se desenvolver de forma ideal neste caso como uma “combustão completa”. E se isso não acontecer é chamado de “combustão incompleta” e constitui um grave risco para a vida porque gera monóxido de carbono (CO).
Além disso, em uma cozinha sem ventilação, por exemplo, com um fogão aceso ou outro aparelho a gás, o oxigênio na atmosfera vai diminuindo ao longo do tempo, e o risco disso é chamado de anoxia (falta de oxigênio no ar que respiramos). Tal situação pode levar à morte por asfixia, sem que o indivíduo sequer tenha percebido que está inalando gás.
1º Passo: Escolha uma empresa
Como dissemos, você precisa de uma empresa especializada para desenvolver um projeto de gás para o seu condomínio. Na hora de escolher, procure saber sobre a trajetória da empresa no mercado e os seus requisitos legais. Uma boa empresa é aquela que possui registro no CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) e conta com pelo menos um engenheiro responsável em seu quadro de funcionários.
Sua experiência no mercado e seus cases de sucesso também são importantes termômetros. Lembre-se de que o gás é um combustível, o que, por si só, já engloba diversos riscos. Dessa forma, a competência dos profissionais que fizeram a instalação inevitavelmente vai se refletir na segurança do sistema.
2º Passo: Projeto
Antes de qualquer coisa é necessário conforme a NBR 15526 a execução do projeto de gás. Nele será previsto a melhor trajetória, o material adequado, critérios de segurança e dimensionamento. Tudo o que vai acontecer no projeto, na prática, acontece primeiro no papel.
3º Passo: Definindo o material para utilizar em sua tubulação de gás
Existem vários tipos de materiais normatizados para a instalação de gás. Os mais utilizados são:
• Tubos de aço carbono;
• Tubos de cobre;
• Tubo de alumínio+ PEX (Multicamada);
Tubos de aço Galvanizado
Tubos de aço preferencialmente devem ser utilizados acima do solo, devido a facilidade de corrosão por oxidação. Tubos de aço e tubos de cobre são os materiais mais comuns usados no interior de edifícios.
Tubos de cobre
Tubos de cobre usados em sistemas de gás devem seguir a NBR 13206 da ABNT.
Tubos de alumínio+ PEX
Tubos de alumínio+Pex, geralmente são materiais mais fáceis de trabalhar por serem flexíveis.
Analisando os tipos de materiais no mercado, devemos comprar os tubos de gás e conexões para o trabalho. A maioria das linhas de gás para uso doméstico são de 1/2 polegadas ou 15mm podendo variar a dimensões de ¾, 1”, etc… dependendo dos equipamentos instalados na rede. É importante, antes de mais nada, definir o tipo de material, a potência dos equipamentos de consumo e a previsão para possíveis ampliações.
4º Passo: Elementos da rede de gás e critérios de segurança
Os elementos do sistema de gás são constituídos por:
Central de gás
É área que contém os recipientes transportáveis ou estacionário(s) e acessórios destinados ao armazenamento de gases combustíveis para consumo na própria rede de distribuição interna.
Dispositivo de segurança
Dispositivo destinado a proteger a rede de distribuição interna bem como os equipamentos ou aparelhos a gás.
Medidor
Equipamento destinado à medição do consumo de gás.
Prumada
Tubulação vertical, parte constituinte da rede de distribuição interna, que conduz o gás para um ou mais pavimentos.
Prumada individual
Prumada que abastece uma única unidade habitacional.
Prumada coletiva
Prumada que abastece um grupo de unidades habitacionais.
Rede de distribuição interna
Conjunto de tubulações, medidores, reguladores e válvulas, com os necessários complementos, destinados à condução e ao uso do gás, compreendido entre o limite de propriedade até os pontos de utilização, com pressão de operação não superior a 150 kPa (1,53 kgf/cm²) (ver Anexo A).
Regulador de pressão
Dispositivo destinado a reduzir a pressão do gás.
Registro de corte geral
É a chave destinada a interromper o fluxo de gás para o edifício. As redes de gás podem ser classificadas levando em consideração a pressão de trabalho do gás, sendo a baixa pressão ou de alta pressão (28,0g/cm2 ou 1,5 kg / cm2), individuais ou coletivas, primária (dos cilindros até o regulador de segundo estágio) e secundária (do regulador de 2º estágio até o ponto de utilização).
Você também pode classificar por condução de gás LP ou natural. No entanto, em ambos os casos tubos de cobre, aço, PEX cumprem as suas responsabilidades de forma eficiente e segura.
Além disso:
- Todo equipamento de consumo deve possuir um registro de corte deve estar instalado em local de fácil acesso para fechamento;
- Quando os dispositivos de segurança e regulagem forem instalados, o local escolhido deve permitir a ventilação satisfatória e facilidade de acesso;
- Os aquecedores devem ser protegidos com abrigos para evitar correntes de ar excessivas que pode desligar os pilotos acendedores;
- Aparelhos instalados em espaços fechados (armários, nichos, casa das máquinas, etc.), devem ser previstos a exaustão dos gases de combustão e fornecer meios adequados que permitam entrada permanente de ar exterior;
- É proibido instalar aquecedores de água nos banheiros e quartos; a localização destes dispositivos devem cumprir os seguintes requisitos:
a) De preferência serão instalados em locais ao ar livre, ventilados de forma permanente, com suportes adequados para prevenir esforços para tubulações de água e gás;
b) Se instalado em espaços fechados (cozinhas, closets, nichos interiores, , etc), é obrigatória instalação de exaustão permanente.
- Afastamentos mínimos das tubulações de gás:
Tubulações embutidas
A tubulação da rede de distribuição interna embutida pode atravessar elementos estruturais (lajes, vigas, paredes,etc.), seja transversal ou longitudinal, desde que não exista o contato entre a tubulação embutida e estes elementos estruturais, de forma a evitar tensões inerentes à estrutura da edificação sobre a tubulação. Na instalação da tubulação entre andares da edificação, recomenda-se que seja verificada a exigência de proteção contra propagação de fumaça e fogo. A tubulação de gás embutida deve ser envolta por revestimento maciço e sem vazios.
Tubulação de gás enterrada
A tubulação de gás de distribuição interna enterrada deve manter um afastamento de outras utilidades, tubulações e estruturas de no mínimo 0,30m, medidos a partir da sua face.
A profundidade das tubulações enterradas deve ser de no mínimo:
a) 0,30m a partir da geratriz superior do tubo em locais não sujeitos a tráfego de veículos, em zonas ajardinadas ou sujeitas a escavações;
b) 0,50m a partir da geratriz superior do tubo em locais sujeitos a tráfego de veículos.
Caso não seja possível atender às profundidades determinadas, deve-se estabelecer um mecanismo de proteção adequado, tais como: laje de concreto ao longo do trecho, tubo-luva, etc.
A tubulação de rede de distribuição interna enterrada, quando metálica, deve obedecer ao afastamento mínimo de 5m da entrada de energia elétrica (classe 15kV ou superior) e seus elementos (malhas de terra de pára-raios, subestações, postes, estruturas etc.).
Na impossibilidade de se atender ao afastamento recomendado, medidas mitigatórias devem ser implantadas para garantir a atenuação da interferência eletromagnética gerada por estas malhas sobre a tubulação de gás.
A tubulação de gás não pode passar em:
- Dutos de lixo e ar condicionado;
- Reservatório de água;
- Incineradores de lixo;
- Poços de elevadores;
- Subsolos ou porões;
- Compartimentos não ventilados;
- Poços de ventilação;
- Dutos de ventilação;
- Espaços confinados sem ventilação.
5º Passo: Montagem do sistema de gás
- Iniciar a montagem dos ramais da tubulação de gás, ligando-os com a prumada;
- Atentar para as emendas utilizadas (por solda ou por rosqueamento), estas devem ser feitas com o máximo de cuidado e utilizar materiais e técnicas apropriadas para cada tipo de rosca ou solda;
- Deve-se conectar todos os pontos de tubulações e conexões de acordo com o projeto;
- A altura dos pontos, especificações, procedimentos e materiais utilizados poderão ser alterados para atender a legislação de segurança contra incêndio e pânico vigente de cada estado;
- De qualquer forma, a montagem do sistema deve ser o mais fiel possível ao projeto desenvolvido. Para isso, o ideal é escolher uma empresa que realize ambas as etapas. Isso não significa, entretanto, que você tenha que recomeçar do zero caso já tenha realizado o projeto com uma empresa que não faz a instalação. Sempre vale uma consulta para instalação. O fato de contar com um sistema exatamente como o projeto evita problemas futuros, visto que facilita as manutenções preventivas e possíveis alterações necessárias.
6º Passo: Teste
- Realizar o teste de estanqueidade de forma à fazer a verificação das tubulações em sistemas industriais, ou prediais utilizando fluido inerte ou ar comprimido, purgando o gás existente antes;
- Todo o processo do Teste em Tubulações Prediais e Industriais deve ser monitorado com manômetros aferidos e calibrados;
- O teste deve ser realizado ao final da instalação, antes de colocar o sistema em funcionamento e também periodicamente, conforme estabelecido pelo Corpo de Bombeiros ou autoridade local responsável. Também é necessário realiza-lo sempre que houver alguma suspeita de vazamento.
7º Passo: Manutenção
Todo sistema precisa de manutenção. E não estamos falando somente das manutenções oficiais, que precisam ser realizadas por determinação legal. A conservação do sistema é tão importante quanto esses processos e depende principalmente do cuidado dos usuários no dia a dia. Os responsáveis pela instalação garantem o bom funcionamento do sistema até a entrada em cada apartamento.
A partir daí, cabe a cada um utilizar os aparelhos adequados e prover a ventilação necessária para que o gás não fique acumulado. Qualquer suspeita de vazamento também deve ser notificada.